Um dos filósofos mais controversos de todos os tempos foi o alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche. Suas idéias sobre o budismo e, principalmente, sobre o cristianismo influenciaram todo o pensamento judaico cristão moderno. Quando critica as religiões, o filósofo, célebre pela frase "o último cristão morreu na cruz", vai direto com o dedo na ferida. Mesmo após mais de um século depois da sua morte, suas idéias continuam atuais e uma ótima fonte para vermos as religiões hoje. Principalmente o que elas têm de ruim.
Friedrich Wilhelm Nietzsche nasceu em Röcken, em 1844, vindo a falecer 60 anos depois. Vindo de família luterana, seria destinado a ser pastor como o pai, perde a fé durante a adolescência.
Ateu convicto, critica fortemente o budismo e o cristianismo, pois vê nessas duas formas de pensamento Religiões de Decadência. Para ele, o idealismo religioso apenas mascara a realidade inquietante e ameaçadora: a moral, seja kantiana ou hegeliana, são caminhos mais fáceis de serem trilhados para se subrair à plena visão autêntica da vida.
Nietzsche criticou especialmente a hipocrisia dos sacerdotes que, para aumentar o próprio poder, estimulam os fiéis a deixar de lado a crítica em detrimento da fé.
Deixando-se um pouco a linha atéia do filósofo alemão, podemos tirar importantes questões a serem levantadas para toda uma massa de fiéis, seja qual for a religião.
Quando Nietzsche afirma que "o último cristão morreu na cruz" está jogando na cara de pseudo-religiosos que a moral cristã serve muito bem, quando é direcionada para os outros. Nos dias de hoje, sacerdotes não são mais tidos como pessoas iluminadas ou intocáveis (na maioria dos casos, claro) e os pobres, sejam de católicos, protestantes, budistas, umbandistas, etc surgem á tona através dos meios de comunicação ou até mesmo da internet.
O exemplo que todas as religiões pregam, em muitos casos, parecem estar acima das capacidades humanas. Jesus foi o maior exemplo de cristão de todos os tempos e, para Niezsche, também foi o último. E temos de dar o braço a torcer num ponto: depois Dele, os exemplos de cristãos não foram os melhores.
Talvez São Francisco de Assis tenha sido outro cristão a personificar o cristianismo, mas foi um caso a parte e já foi devidamente reconhecido através da sua santificação.
Para Nietzsche, a religião mantém os "indivíduos inferiores" eternamente em seus lugares. A teologia cristã, voltada para a felicidade dos humildes, ajuda os sacerdotes a manter e propagar o seu poder.
Nietzsche acerta quando diz que o último cristão morreu na cruz, pois temos de reconhecer que os teístas de hoje não são muito melhores do que os bárbaros do passado. Roubamos, matamos, mentimos e tentamos enganar a todos, principalmente a nós mesmos.
De um lado, existe os hipócritas que pregam a moral de cristo, mas não agem conforme aquilo que falam. "Faça o que eu digo, não o que eu faço" parece ser cada vez mais comum dentro dos templos religiosos. E isso não é uma característica apenas do cristianismo, mas sim de qualquer crença onde o homem "possa dar um pitaco".
As idéias de Nietzsche se baseiam na pequenez humana e seus valores em frente aos instinttos humanos. Quando ele se refere aos teístas como pessoas inferiores, que tentam desesperadamente controlar os próprios impulsos com uma moral retirada dos livros sagrados, esquece que muitos de nós podem ser pessoas inteligentes, que acreditam em Deus não apenas na hora de solicitar ajuda, mas sim dom fé e ardor.
O alemão queria que todos fossem senhores de si mesmo, livres de qualquer vínculo que os impeça de mostrar o que realmente são. Contudo, essa atitude, em princípio totalmente liberta, escravizaria o ser humano aos seus instintos mais primordiais, pois, para uma grande parcela da população (até nos dias de hoje, diga-se de passagem) necessitam de uma orientação para não caírem perante as próprias falhas.
Talvez Nietzsche tenha exagerado em algumas das suas idéias. Mas, se conseguirmos enxergar em livros como Assim Falou Zaratustra, Ecce Homo, O Anticristo e Genealogia da Moral, uma polêmica além de apenas uma crítica destrutiva, poderemos ter ótimos "insigths" de como tornar as nossas religiões melhores, evoluindo sistemas de pensamento antiquados até que a fé se adapte aos novos tempos.
Fonte:
http://www.capitalgaucha.com.br/comunidades/colunistas/rafael/nietzsche.htm
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