Barcelona, 10 set (EFE).- O Dalai Lama afirmou hoje, diante das mais de 10 mil pessoas que se reuniram em Barcelona para escutá-lo, que "para encontrar a paz interna e genuína é preciso fugir do ódio, pois este é um sentimento que destrói o sistema imunológico".
Este foi um dos muitos conselhos dados pelo líder espiritual tibetano, que falou sobre "a arte da felicidade", e defendeu o papel da família -"especialmente das mães"- na transmissão de valores de compaixão e altruísmo.
Em um palco montado como uma espécie de altar, decorado com imagens budistas, e debaixo de duas grandes bandeiras do Tibet, o Dalai Lama pediu "um esforço contra as sensações negativas".
"Quando estamos cheios de enfado, não conseguimos nem ao menos dormir. As emoções positivas, como o amor e a compaixão, não só nos trazem paz, mas são boas para nossa saúde", disse.
Aos que compareceram esperando que fizesse milagres, o líder religioso assegurou que ele mesmo é "cético" quanto a esses poderes curativos, e que sua receita para buscar a felicidade parte do conhecimento da realidade e do combate às expectativas errôneas.
"No mundo animal há brigas, mas em geral (os animais) vivem em paz; mas os homens não. Estamos insatisfeitos com o imediato, queremos mais e mais, e isso gera estresse", afirmou.
Para o Dalai Lama, a ciência e a tecnologia humana se centraram em resolver os conflitos físicos do homem, e deixaram de lado os problemas de nível mental, "mais difíceis de solucionar".
Para combater estes problemas, o líder religioso pediu aos presentes que tenham as "convicções corretas" e "adestrem sua mente", atitudes que, segundo ele, não precisam ser baseadas em religiões, e que têm na educação um grande aliado.
"A formação ajuda a enfocar e a reduzir a distância entre as aparências e a realidade", disse.
Vestido com sua tradicional túnica vermelha e amarela, o Dalai Lama falou perante um público respeitoso, diante do qual defendeu a "harmonia entre todas as religiões".
"Sobretudo neste momento, quando há muitas divisões na humanidade causadas por diferenças religiosas", afirmou.
Em um tom informal, com sorrisos e gargalhadas, o Dalai Lama foi aplaudido quando pediu aos presentes que prestassem mais atenção a estes valores internos, e quando reivindicou que se mobilizem perante os poderes locais, nacionais e supranacionais para melhorar a situação do Tibet.
Ele lembrou que, durante os anos de ocupação chinesa, mais de um milhão de tibetanos já morreram, em um período no qual outros 200 mil monges e freiras desapareceram e 6 mil templos foram destruídos.
No entanto, considerou que a situação está mudando com os novos dirigentes chineses, com quem disse contar para conseguir uma autonomia que permita manter a tradição e a religião tibetanas. EFE
Fonte: http://brasil.notiemail.com/noticia.asp?nt=11407044&cty=2
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